segunda-feira, 29 de abril de 2019

NOTA PÚBLICA REPUDIA FALA DO PRESIDENTE E APONTA RISCO DE AUMENTO DA EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL

Acesse a nota aqui
Crescem, em todo o Brasil, as manifestações entidades defesa dos direitos das mulheres e das pessoas LGBTI+, dos movimentos de defesas dos direitos humanos em geral,  inclusive da criança e do adolescente, contra as declarações do Presidente de República,   Jair Messias Bolsonaro, proferidas durante café da manhã com jornalistas, no dia 25/04/2019, no Palácio do Planalto, em que afirma: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”.


As primeiras respostas vieram dos estados e municípios, que passaram a usar frases de apoio ao turismo, porém contrárias à exploração sexual de suas mulheres. No final da tarde esta segunda-feira (29/4), porém, uma nota pública passou a ser assinada em nível nacional. Dentre os vários problemas apontados na fala do Presidente, a nota destaca os riscos de aumento das já alarmantes estatísticas da exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, conforme trecho abaixo transcrito:


"Mais de 250 mil crianças e adolescentes são vítimas de exploração sexual no Brasil, segundo dados da UNICEF. A Organização das Nações Unidas calcula que o tráfico de seres humanos para exploração sexual movimenta cerca de 9 bilhões de dólares no mundo, e só perde em rentabilidade para o mercado ilegal de drogas e armas. Se somarmos somente quatros anos de 2012 a 2016 de denúncias feitas (53.151) ao Disque 100, e considerarmos as estimativas do canal de denúncia, chegaremos a uma média assustadora de crianças exploradas sexualmente no Brasil: 513 vítimas a cada 24 horas. Segundo o Disque 100, apenas 7 em cada 100 casos são notificados".


Os números acima apontam mais de mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes a cada dois dias no Brasil. Além das estatísticas alarmantes, é preocupante a insuficiência e a ineficiência das políticas públicas. Rotatividade, falta de capacitação e precarização nas relações de trabalho dos profissionais se somam às precárias estruturas dos programas, projetos e equipamentos de políticas públicas voltados para o enfretamento do problema. Por outro lado, apesar de a sociedade reconhecer a gravidade do problema, muitos ainda silenciam quando tomam conhecimento dos crimes, por medo, ou por não acreditar no poder público. Existe ainda aqueles que tentam justificar o problema na pobreza das famílias e na falta de políticas públicas. O que mais entristece, porém, é ouvir a fala daqueles que veem as vítimas como culpadas pelo problema.  


A gravidade do problema pede ser vista em todo o Brasil no Programa Caldeirão do Huck, que foi ao ar no dia 20.04.2019. Luciano Huck, apresentador do programa, entrevistou profissionais e pessoas da comunidade, no Município de Iranduba-AM, onde há registros de muitos casos de violência sexual. Uma ginecologista contabilizou mais de três mil crianças e adolescentes violentadas, somente nos casos por ela atendidos na cidade de Manaus e região. Alguns profissionais se mostraram muito preocupados, porém impotentes diante da gravidade do problema. Entre as pessoas da comunidade, houve mais falas no sentido de culpabilizar as vítimas, do que seus algozes ou a falta de políticas públicas. 


Diante desse cenário, a fala do Presidente é vista com preocupação pelas entidades que assinam a nota, que a vêm como um incentivo à exploração sexual das mulheres, o que aumenta o risco de exploração sexual de crianças e adolescentes, principalmente nas cidades litorâneas, destinos mais procuradores pelos turistas.


Por outro lado, os debates sobre as causas e as políticas públicas focadas no enfrentamento do problema tendem a aumentar em todo o Brasil nesse período em se aproxima o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio).


Para ler  e/ou assinar a nota, acesse este link.

quinta-feira, 4 de abril de 2019